Título: O caçador de pipas
Autor: Khaled Hosseini
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 365
Publicação: 2005
Resenha do livro “O caçador de pipas”
Escolhi esse livro, porque
assisti ao filme homônimo, lançado no ano de 2007, e me chamou atenção por ser
uma história triste, uma mescla de coragem e covardia, nos faz sentir o peso da
culpa, mas principalmente o valor de uma amizade que vai além do tempo. E
partindo do princípio de que, para um iniciante ou para os que leem pouco,
deve-se escolher um livro que nos interessa, foi assim que o fiz.
O escritor estreante, Khaled
Hosseini, consegue fazer uma narrativa fora do normal e ao mesmo tempo tão
convincente, que nos faz refletir sobre nossos conceitos ou preconceitos e
sobre as mudanças que podem acontecer em nosso cotidiano.
O Caçador de Pipas é uma obra com conceitos, além dos mencionados
anteriormente que faz da história narrada única e em sua abrangência corriqueira pelas coisas,
às vezes simples, que poderíamos ter feito para ajudar uma pessoa, mas por
nossos medos, por nossa covardia não conseguimos e optamos pelo caminho que nos
parece mais fácil, mais simples, porém que nos mostra ser mais espinhoso, mais
complexo e de difícil solução.
As
personagens do livro são bem desenvolvidos, com seus problemas, suas histórias
e isso faz com que nos identifiquemos com alguns deles ou que nos inquietemos
com suas atitudes no mínimo desagradáveis: abuso sexual -principalmente
pedofilia-, abuso de poder, intolerância com o próximo, além de outros absurdos
cometidos. Em pensar que tudo isso acontece na realidade, vou ficando cada vez
mais entristecida com o decorrer da leitura.
No
início do livro somos apresentados aos amigos Amir e Hassan, que vivem na mesma
casa, cresceram juntos, seguindo os passos de seus pais. Mesmo sendo de mundos
diferentes, viveram uma infância como companheiros. Mas vale destacar que o pai
de Amir gostava muito de Hassan, por ele ser corajoso e digno, mesmo não
sabendo ler e escrever. Isso causava uma certa inveja em Amir, mesmo assim a
amizade entre os meninos continuava.
Havia um campeonato anual de
pipas, onde Amir saiu campeão e Hassan, alguém que procurava as pipas para
mostrá-las como se fosse um troféu. Com o feito de Amir, seu pai ficou
orgulhoso por ele ter vencido a competição. Porém, quando Hassan foi procurar a
última pipa, encontra Assef. Seu amigo Amir está a sua procura, quando
testemunha Hassan sendo violentado por Assef. Falta coragem a Amir para
intervir e ajudar seu amigo, além disso, prefere manter-se em silêncio sobre o
ocorrido. Mas a culpa que sente é tão grande que acaba sendo um veneno para sua
relação com Hassan. E isso me fez lembrar de uma fábula de Esopo, conhecida
como “Os Dois Viajantes e o Urso” que pode ser lida no site: http://sitededicas.ne10.uol.com.br/fabula_os_dois_viajantes.htm. Essa fábula é uma narrativa sobre dois amigos que
encontram-se em apuros e para salvar-se um deixa o outro para trás, assim como
acontece com Amir que deixa Hassan passar pela situação descrita anteriormente,
porque não tem coragem o suficiente para ajudar seu amigo. A fábula tem como
moral: A desgraça põe à prova
a sinceridade e a amizade.
Amir não pode mais suportar a presença
de Hassan, então planeja uma armadilha, escondendo no colchão do seu amigo,
dinheiro e um relógio de pulso embaixo do colchão de Hassan com o intuito de
incriminá-lo. Mesmo sendo inocente, Hassan assume a culpa pelo roubo. Sendo assim,
Hassan e o homem que o criou deixam a família de Amir e se mudam para
Hazarajat. Desde esse dia, Amir não voltou a ver Hassan, mas a culpa o
atormentava constantemente. Creio que as palavras de Lúcio Aneu Sêneca, definem esses momentos da vida
de Amir: A principal e mais
grave punição para quem cometeu uma culpa está em sentir-se culpado. “
Amir e seu pai se mudam para
Califórnia, EUA. Baba-pai de Amir- trabalha em posto de gasolina com o intuito
de que seu filho possa cursar uma faculdade, mas é diagnosticado com um câncer
de pulmão e acaba falecendo. Depois de alguns anos, Amir torna-se um
romancista, já casado com Soraya, porém não podem ter filhos e não querem
adotar uma criança.
Quinze anos após a morte de
Baba, Amir viaja para o Paquistão para encontrar Rahim, um amigo de
seu pai, que diz que Hassan e a mulher dele foram mortos e que seu filho,
Sohrab, foi levado para um orfanato. Então Rahin pede para que Amir resgate o
filho de Hassan e para conseguir convencê-lo conta um segredo de família: o homem
que criou Hassan era estéril e o verdadeiro pai do amigo de Amir era seu pai,
logo Amir e Hassan eram irmãos.
Amir, depois de muito
resistir, vai à procura de seu sobrinho e recebe a informação de que o garoto
está com um Talibã, que o usa como escravo sexual. E para surpresa de Amir, o
oficial era Assef, o mesmo que tinha feito mal a Hassan estava com Sohrab. Eles
brigaram na frente do menino e Sohrab ameaçou atirar no olho de Assef com um
estilingue, promessa essa que cumpriu, dando espaço para sua própria fuga e de
seu tio.
Quando li sobre o Talibã, lembrei-me de uma aula que tivemos,
na qual minha professora de Leitura e produção de texto, Andreia, apresentou alguns
livros, dentre eles estava “Eu sou Malala” de Malala Yousafzai e Christina Lamb
que conta a História de uma jovem garota que encontrava-se num local controlado
pelo Talibã. Essa garota lutou pelo direito à educação e não permaneceu calada
diante das injustiças. Mostrando que mesmo com pessoas opressoras ao nosso
redor, podemos nos fazer ouvir e ser fortes. Uma apresentação sobre o livro
pode ser localizada em: http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=13536.
O livro tem seu término com Amir e
Sohrab indo aos EUA. Como não poderia ser diferente, Sohrab está
fragilizado e não conversa. Mas eis que há uma celebração com uma competição de
pipas e Amir decide comprar uma. Usando uma das antigas manhas de Hassan para
derrubar uma pipa adversária, Amir consegue um pequeno sorriso de Sohrab, o que
inunda Amir de alegria: o voo de uma pipa foi o início do retorno das emoções
de Sohrab. Amir se sente livre da culpa que carregara desde menino.
Uma das frases que me chamou atenção no livro foi “Por você faria mil vezes”.
Frase dita no início da história por Hassan e repetida por Amir para Sohrab, o
filho de seu amigo, o filho de seu irmão. Essa frase me lembra amizade, amor,
sacrífico. Sacrifício me lembra dor. E muita dor está presente nesse livro,
assim como em outra obra do mesmo autor, intitulada “Cidade do sol”. Dessa vez
temos protagonistas femininas, mas que passam por muitos obstáculos, muitas
lutas e diversidades numa sociedade opressora com a minoria, seja crianças, mulheres, pobres, entre outros. Uma síntese
sobre “Cidade do sol” pode ser encontrada em: http://leitorcabuloso.com.br/2011/08/resenha-a-cidade-do-sol-de-khaled-hosseini/.
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